Trata-se da equação: Oferta
de Trabalhos Espirituais x Pedido de Trabalhos Espirituais.
Não entenderam? Explico melhor.
Acontece muitas vezes de nós umbandistas,
sacerdotes ou não, termos a sensibilidade de percebermos a necessidade da
realização de um trabalho espiritual seja uma simples consulta, frente a
determinadas situações das pessoas que nos cercam.
Não falo daquelas pessoas
que nos procuram já com esse objetivo, mas sim dos nossos entes queridos,
amigos, colegas de trabalho, irmão umbandistas entre outras. Às vezes em uma
conversa informal e despretensiosa, nos deparamos com histórias e circunstâncias
vivenciadas pelo nosso interlocutor, que ativam o nosso estado de alerta e
despertam a nossa percepção para o sentimento de que algo espiritual deveria
ser feito sobre o caso específico.
Imbuídos do espírito fraterno, na maioria dos casos nos oferecemos para
realizarmos alguma ajuda, que venha sanar, solucionar ou resolver a questão em
pauta.
Por acreditarmos nas coisas do Sagrado, no mundo Espiritual e suas Leis
de Ação e Reação, por sermos praticantes, militantes e principalmente termos fé
e acreditarmos no aporte do mundo espiritual, rápido é o impulso que toma conta
da gente e quando menos esperamos, lá estamos nós oferecendo ajuda. O
problema começa exatamente no oferecimento.
A experiência tem me mostrado que oferecer-se
não trás os resultados óbvios, ou seja, ajuda oferecida, oferecimento aceito. Volta e meia ficamos com o sentimento de que ao
oferecer a ajuda estamos forçando uma barra, como se diz, porque passado o
primeiro instante, começa pela pessoa que queremos ajudar uma série de criações
de obstáculos para que a mesma não se concretize.
De um lado ficamos nós os que enxergamos claramente a necessidade e do
outro os necessitados obstaculizando a oportunidade oferecida.
Já me perturbei com tais momentos, já me
melindrei por tais atitudes, já me aborreci bastante, até o ponto de me magoar
com algumas pessoas.
Resumi a questão para preservar a minha autoestima nos seguintes
motivos: o necessitado não quer a ajuda, não precisa da ajuda, não acredita que
possamos ajudar de fato, e, por fim, prefere continuar do jeito que está, pois
sentirá falta do problema e suas consequências.
Esse último lembra bem o caso do obsediado que
livre do obsessor o chama inconscientemente de volta por sentir falta da
simbiose, ou do viciado que não tem atitude em relação ao vício, pois sentirá a
ausência do estado vicioso e assim por diante.
Em contra-partida é possível chegar a conclusão, que quando a
necessidade aperta o desespero de causa chega. Geralmente, é quando o caso está
na casa do sem jeito. Busca-se então, de forma desenfreada, a ajuda
anteriormente rejeitada.
Nos tempos das mágoas eu diria: "Nada como um dia atrás do outro e
uma noite pelo meio".
Hoje, mais maduro eu entendo que tenho que
controlar melhor os meus impulsos salvacionistas (é difícil, às vezes ainda
escapa) e esperar que realmente me seja formulado um pedido de socorro formal. Para chegar essa conclusão, apenas me coloquei um
dia no lugar do evangélico que tentou me abordar com a salvação, que eles
costumam levar a todos. Diante da minha recusa veemente, imaginei o quanto esse
evangélico deve ter ficado estupefato e sem compreender a minha atitude. Senti
a sua dificuldade em aceitar o fato, que eu tinha recusado a solução, que para
ele além de ser legítima é na convicção dele, a única capaz de resolver de
forma inquestionável todos os meus problemas.
Os espíritas costumam dizer que: "Fora da
caridade, não há salvação!".
Concordo,
mas temos que ter o cuidado de não exaurirmos os nossos recursos (afinal eles
também são nossa responsabilidade, perante a Lei Divina - lembremos sempre das
Parábolas dos Talentos), de olharmos a necessidade real para tal caridade, de observarmos se a caridade que faremos ajudará de fato e
finalmente, se a pessoa está pronta para ser ajudada.
Caso contrário, ajuda ofertada, ajuda rejeitada,
ou na melhor das hipóteses mal utilizada.
Tem certas horas que melhor é ficar calado e esperar que o sapato do
outrem aperte. O tamanho da necessidade, em determinados casos, é que forja a
humildade de se aceitar o que se oferece de bom grado e sem segundas intenções.
A dor ensina a gemer e o pedido de ajuda surge espontaneamente como
consequência natural.
Com relação aos entes queridos e amigos, por uma
série de motivos, o pedido de ajuda pode nunca mais ser colocado por eles outra
vez.
No caso dos irmãos umbandistas, casa de
ferreiro... É melhor que o espeto de pau da casa... Cuide do assunto da melhor
forma e quando lhe convier.
No mais, uma certeza, antes de oferecer ajuda a alguém esteja completamente
convicto que o ajudado realmente quer sua intervenção, ou melhor, ainda, aguarde ele fazer a solicitação com todas as LETRAS.
Oyakatan
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